Narrado por Luan.
Já era noite e continuávamos ali, rezando e pedindo para que não desse nada em Nicole. Devido à sua Síndrome de Down, ela tinha seu sistema de defesa um pouco mais baixo do que de uma pessoa normal, isso me preocupava tanto, minha menininha não tinha nem seu 1 ano de vida e já sofria tanto.
— não quero preocupar vocês, mas Nicole acabou tendo uma crise de broncoespasmo, quem vai acompanha-la até o hospital?
— eu, eu vou, eu preciso ver minha filha, onde ela esta? Ela já está bem? Eu — a puxei para mim.
—querida se acalme — beijei o topo de sua cabeça. — eu sigo vocês de carro.
— Senhora Melissa peço que se acalme — eu a vi saindo com o Doutor rumo a ambulância, fui até nosso carro, e peguei meu celular que estava no meu bolso ligando para casa. Expliquei por cima tudo que estava acontecendo para minha mãe, e a mesma disse que me encontraria no hospital, encerrei a ligação seguindo a ambulância que havia acabado de sair.
Narrado por Melissa.
Aquele lugar fechado, com aquela sirene alta, e minha filha ali toda entubada me causava náuseas. Eu queria a tirar dali, sair desse lugar horrível, e chegar em casa, dizendo que estava tudo bem, que só era uma gripe, mas essa era minha realidade, meus pensamentos estavam a todo vapor que quando chegamos ao hospital, despertei com um enfermeiro pedindo minha mão para me ajudar a descer.
Após descer, pude ver o mesmo subir e sair com a minha filha numa maca, e os aparelhos que a ajudavam a respirar, Luan chegou correndo e parou ali na porta buscando fôlego, e eu fui até o mesmo o abraçando em prantos.
— não fica assim, por favor — sabia que ele segurava o choro devido sua voz.
— foi horrível esse caminho amor — soluçava e tremia devido ao medo— por que Deus esta fazendo isso com a gente?
— ele vai mostrar que somos fortes querida, vamos ter fé.
— minha fé já está acabando, prefiro que ele a leve em vez de deixá-la aqui sofrendo. — e o silêncio ali reinou, só podiam se escutar meus soluços.
— não diga isso querida, por favor.
— ela está sofrendo Luan, ou você acha que eu adorei esse "passeio" até aqui? — fiz aspas (") com os dedos — Já é a segunda vez que a levam para UTI, e ela tem apenas 7 meses Luan, 7. — meu choro era doloroso, era horrível escutar aquelas palavras saindo da minha boca, mas eu entendia sua dor, Nicole já sofria tanto. — me desculpa, não devia ter sido grossa com você.
— tudo bem — Ele suspirou passando a mão em seus cabelos em quanto eu ainda chorava.
— meus queridos — Dona Mari chegou acompanhada de Bruna e Theo. — o minha filha — ela veio até mim nos abraçando.
— vamos entrar? — ela sorriu fechado, e eu, ainda abraço com meu marido, entramos mais uma vez naquele hospital que desde então não nos trazia lembranças boas.
— odeio ficar sem notícias. — já se passavam das 02:30 da manhã, e continuávamos sem notícias sobre Nicole, o que era torturante. Bruna havia ido pra casa, já que Breno era apegado nela, e pelo o que meu sogro havia dito na ligação que fizemos um pouco mais cedo, ele havia chorado. Dona Mari não sabia onde ficava, ia até a capela e voltava.
Narrado por Luan.
— familiares de Nicole Santana?
— somos nós — minha mãe se levantou, e eu me mantive sentado já que Melissa cochilava em meu colo devido o tanto que ela chorou.
—Nicole teve uma baixa nas plaquetas e no sangue, precisamos fazer transfusão de sangue, precisamos ver quem de vocês são compatíveis.
— precisa ser urgente? Porque poderíamos ligar em casa.
— temos alguns litros que podem ser servidos para a transfusão.
— pela manhã minha família está aqui.
— vamos esperar — ele ia saindo.
— tão pequena e já vem sofrendo tanto — ela derramava algumas lágrimas. — como você se sente meu filho?
— péssimo — suspirei, e senti meus olhos queimarem — mas preciso ser forte, não? Minha família precisa de mim. — senti uma fungada em meu pescoço, e o que temia aconteceu, Mel havia escutado tudo. — querida, o que ...
— eu sou uma pessoa horrível né? — neguei com a cabeça em quanto ela se ajeitando.
— esqueça isso querida, eu ...
— não Luan — ela soluçava — eu nunca me importei com o jeito que você se sente, mas você sempre se importando comigo.
— essa é minha parte de seu esposo querida — a puxei selando nossos lábios mesmo com ela ainda chorando.
— eu venho sendo uma mãe e esposa péssima, eu não mereço você, Luan.
— não fique assim, por favor — tentei fazê-la parar de chorar — eu te amo — encostei minha testa na dela, eu vi a tristeza em seus olhos.
— Vocês estão com fome?
— estou — sorri forçado — mas não se preocupe.
— vou pegar um café, trago para vocês.
— mãe, a senhora não quer ir pra casa descansar?
— já são 04:30, daqui a pouco precisaríamos voltar.
— pensando por esse lado — sorri fechado, e a vi indo até a cantina do hospital.
— sinto que estamos atrapalhando a vida da nossa família. — suspirei e passei a mão na nuca e parei para pensar nisso. — estamos atrapalhando até você — ela se pronunciou novamente — nem show tem feito mais.
— minhas fãs entendem.
— nem todas entendem Luan. — ela suspirou voltando a chorar.
— querida, não chore mais por favor, não me sinto bem em vê-la assim.
— eu só queria que tudo ficasse bem.
Pela manhã, fizemos os exames necessário para a transfusão de sangue e de plaquetas de Nicole, mas por sua vez, nossa pequena tinha o tipo de sangue raro.
— não há ninguém da família com esse tipo sanguíneo??
— mas doutor, o tipo AB é receptor universal, não teria problema de um de nós podermos doar? — Bruna se pronunciou.
— não achamos muito confiável, o tipo A tem anticorpos para o tipo B e vice-versa.
— e agora? — ela estava prestes a chorar, Mel assim me preocupava, por tudo ela chorava, não que antes ela não fosse sensível, mas ultimamente havia piorado.
— poderíamos tentar o Breninho.
— o sangue dele é B igual ao Luan sogro.
— tem a Camila, mas até ela vir de Campo Grande vai demorar.
— precisamos para agora mãe. — suspirei pesado. Mais essa agora, tudo o que não precisávamos.
Notas da autora.
Com amor, tudo é possível. E até as coisas mais difíceis serão resolvidas. Vocês verão.
- Natália de Andrade.
- Natália de Andrade.
Senhor que sofrimento
ResponderExcluirContinua
Meu Deus, o que falar desse CAP? Eu não sei falar nada além disse PERFEITO, INCRÍVEL, AMEI, MARAVILHOSO, QUERO MAS
ResponderExcluirQue eles consigam e que a Nicole fique bem logo. Continuaa
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