segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Capítulo 3 - Ela é perfeita, mas do jeitinho dela.

Narrado pro Luan.

— está tudo bem querida? — talvez eu perguntasse se ela estava bem de mais, mas eu precisava, era necessário, era capaz de mover o céu por essa mulher. 
— Estou sim — ela sorriu forçado, e saiu do closet com uma de minhas camisetas.
— Minha mãe pediu para que eu fosse até sua casa, quer ir? 
— Não, vou dormir um pouco e ficar com as crianças. 
— Só vou tomar um banho — fui até Melissa que já havia deitado em nossa cama, e selei nossos lábios. — amo você.
— Eu te amo — ela passou as suas mãos pequenas e macias em minha face e eu as beijei, mas logo fui para o banheiro, precisava de um banho e tirar esse cheiro de hospital do corpo. 
Cheguei na casa dos meus pais, e minha mãe me esperava sentada no sofá, ao lado de uma bandeja com creme de abacate. 
— Que saudades — eu a abracei com uma certa força, chegando a tirar do chão e pude ouvi sua risada, que eram musicas para os meus ouvidos. —  a senhora cortou o cabelo? — beijei sua testa em quanto passava a mão em seus cabelos pretos.
— tirei uns 3 dedinhos, ideia da Bruna. 
— Em falar nela, onde ela está? 
— Foi até o escritório com seu pai.
— A sim — sorri e me deitei em seu colo, e logo senti suas mãos passando em meus cabelos fazendo cafuné. 
— Como estão as coisas? 
— Difíceis — fechei meus  olhos — Melissa ainda está tão abalada, e isso me preocupa. 
— Não deve ser fácil, mas Deus vai ajudar vocês. 
— Espero mãe, rezo todos os dias para que ele alivie nossos corações, mais parece tudo complicado. 
— Nicole foi um presente especial para vocês Luan, pensem dessa maneira. Deus deu a vocês, pois saberia que teriam condições de cuidar, de amar e de educa-lá.
— é — fiz uma pausa.
— Como Melissa vem reagindo? 
— Não parece não aceitar, ela queria que Nicole fosse uma criança saudável, que fosse moleca iguais as outras crianças. 
— isso vai passar — ela se abaixou beijando minha testa — já pensou em levá-la para conhecer algumas crianças especiais? 
— não — pensei um pouco — talvez seria uma boa, ela poderia ver que não é só nossa filha.
— mas ao contrario de algumas crianças, Nicole tem uma família que a ama. 
— vou conversar com o Rober, agendar tudo, e levá-la. 
— já conversou com Arleyde? Você precisa explicar isso a suas fãs, Nicole já tem 4 meses. 
— Elas só sabem que a Nicole nasceu, Melissa pediu para que não divulgassem nada. 
— Vocês precisam contar a elas, talvez o carinho delas ajudem vocês também. 
— Amanhã tenho uma reunião, converso tanto com a Arleyde, quando com a Mel. 
— isso — ela beijou novamente minha testa, e assim se passou minha tarde ao lado de minha mãe. Cheguei a dormir em seu colo, e quando acordei, vi que a mesma dormia sentada, para não levantar e me acordar. 
Mulher da minha vida, pensei e sorri. A peguei no colo, e levei para seu quarto, mas assim que a deitei, a mesma acordou me chamando para que me deitasse ali com ela, como nos velhos tempos, e foi isso que fiz. 

Narrado por Melissa. 


Encarava Nicole dormindo calmamente no berço, olhei em minha volta, e vi minha poltrona no canto pouco iluminado do quarto. Aquela poltrona na qual Luan havia comprado quando tive Breno. Segui até a mesma, me sentando. Fechei meus olhos e suspirei, o que havia feito para Deus? Odiava ver minha pequena naquela situação. Tão delicada, tão frágil, tão minha. 
— meu bem — ele entrou no quarto com a voz baixa — o que foi? 
— nada — ele veio até mim e beijou minha testa — como estão todos lá na sua mãe? 
— estão bem — ele me puxou da poltrona para que ele se sentasse, e logo me puxou para seu colo — perguntaram de você. — deitei minha cabeça na curva de seu pescoço. — amor, que tal irmos até um abrigo, que, bom, acolhe crianças com síndrome de Down? 
— não sei Luan — engoli meu choro — tenho medo —confessei.
— não tem porque ter medo querida — ele passou suas mãos gordas em meus cabelos — precisamos ver que não é só a gente que passa por isso, mas ao contrário dessas crianças que estão nos abrigos, Nicole tem a gente. 
— se ela não for aceita Luan? As pessoas podem falar coisas horríveis sobre a nossa filha, não quero vê-la sofrer Luan, não quero — e novamente eu chorava, sempre fui sensível, mas logo depois que soube dos problemas da minha pequena tudo havia se desandado. 
— não devemos pensar assim — ele suspirou — nossa filha vai ser aceita, ela já é pela nossa família, agora só falta ser pelos meus fãs. 
— e se — ele me interrompeu.
— e se nada, minhas fãs estão loucas para conhecer nossa menina, precisamos começar a inseri-la agora nesse meio, até ela começar a entender as coisas, tem tempo, e as pessoas podem se acostumar.
— tudo bem — suspirei e sai de seu colo, indo até a pequena que ainda dormia. 
— Ela é tão perfeita, mas do jeitinho dela. 
— ela se parece com você. 
— ela tem seu nariz.
— está com fome? — mudei de assunto. 
— um pouco — ele sorriu forçado — quer pedir algo para comermos? 
— pode ser. 
(...) 
— Está pronta? 
— acho que sim — sorri forçada, e Luan segurou minha mão, e eu a apertei  em resposta. — vai ser legal. — ele sorriu amarelo tentando me dar forças. 
— espero. — Entramos por uma enorme porta de vidro, e paramos na recepção do abrigo. 
— Bom dia, sou Tathiana, e vou acompanhar vocês. 
— bom dia, bom, você já sabe quem sou, essa aqui — Luan me abraçou de lado — é Melissa, minha esposa. 
— prazer em conhecê-la. 
— Ó querido — uma senhora, de uns 50 e poucos anos, veio até nós. 
— Dona Maria — Luan sorriu e a abraçou. — Obrigada por nos proporcionar essa visita. 
— Vocês sempre serão bem vindos aqui Luan. — ela sorriu — acredito que Tathi já se apresentou para vocês, certo? — concordamos com a cabeça — então vá levá-los para ver as crianças Tathi, qualquer coisa estaria na minha sala. — seguimos a baixinha dos cabelos loiros, até os fundos do abrigo. 
— Tia Tathi — uma menina, também com a síndrome, veio até nós, segurando uma boneca. 
— Oi Vivi? 
— O Manuel quer cortar os cabelos da Lolo — ela ergueu a boneca em suas mãos. 
— Manuel, não pode fazer isso! Dá a tesoura para tia — ele veio até nós e entregou a tesoura para Tathiana. 
— Oi — a menina parou em meu lado com sua boneca. — eu chamo Vivi, e você? 
— Me chamo Luan, e essa aqui é a Mel.
— igual ao docinho que a tia Renata contou da historinha das abelhas? 
— quase igual. — Luan riu. 
— você é bonita. — ela passou as mãos em meus cabelos — parece uma princesa. 
— você é quem parece — sorri, e vi Luan me olhar. 
— Dona Maria me explicou o quadro de vocês — Tathiana se pronunciou — vocês podem ver que, bom, eles são crianças normais, mas apenas um cromossomos os diferenciam de qualquer outra. 
— vou pentear o cabelo da Vivi, você quer ajudar? 
— Vai amor. 
— Am, vou sim — peguei em suas mãos, e ela me levou até onde havia alguns sofás. 

Narrado por Luan. 


— é mais difícil para ela, não? 
— sim — suspirei e olhei aquelas crianças em nossa volta. — vocês cuidam de quantas crianças especiais aqui? 
— além da Vivi, temos mais 2 portadores da síndrome de down. 
— am, e vocês os tratam igual aos outros? 
— tentamos, mas eles precisam de mais cuidados. — seguimos andado pelas crianças que brincavam naquele enorme pátio. 
— Manuel, cuidado. 
— Poxa tia Tathi, eu só quero brincar — ele resmungou, e ri, ele me lembrava Breno. 
— mas pode se machucar. 
— tudo bem, vai. 
— ele me lembra meu filho. 
— Ele é bem levado. 
— está na idade. 
— sua esposa está ali — ela me mostrou Melissa, que de longe notei que Vivi a abraçava e deixava vários beijos molhados em sua bochecha. — Vivi vai deixá-la louca. — ela riu indo até onde elas estavam. — Vivi, já está bom de beijos. 
— mas eu gostei dela — ela beijou o rosto de Melissa, que agora sorria feliz. 
— também gostei bastante de você. 
— Vamos Vivi? — uma outra moça veio até nós — meu Deus, quando me disseram que o Luan Santana e a esposa estavam aqui, eu não acreditei. — sorri sem graça passando as mãos no cabelo. 
— vai me levar pra onde tia Rita? 
— para um banho bem gostoso, você está suja de areia. 
— mas eu quero ficar com a tia Mel.
— quem sabe outro dia — A pequena levantou um pouco emburrada, mas antes encheu Melissa de beijos. 
— tchau tia Mel, tchau tio Luan — ela veio até mim, e eu abaixei ficando a sua altura. — traz a tia mal para brincar comigo de novo, qualquer dia. 
— pode deixar pequena — sorri e passei a mão em seus cabelos, e ela saiu dali, deixando um beijou muito molhado em meu rosto. 
— quantos anos ela tem? 
— ela tem 10 anos, mas age como se tivesse menos. 
— am — ela se levantou — notei que ela tinha algumas cicatrizes. 
— Ela precisou passar por algumas cirurgias, mas hoje está bem. 
— vamos para casa? — perguntei um pouco mais baixo em seu ouvido. — Nicole tem estimulação ainda hoje. 
— vamos. — ela sorriu amarelo para mim, e fomos para casa, onde almoçamos e seguimos para a segunda sessão de estimulação de Nicole. 


Notas da autora.

Não é porque somos especiais que não podemos ser considerados perfeitos, não? Nicole veio com seu propósito, veio para mostrar para vocês que Lumel se amam, e que passaram por cima de tudo e de todos para serem felizes, mesmo com as dificuldades que virão. 
Obrigada pelos comentários no capítulo anterior. 
 - Natália de Andrade. 

2 comentários:

  1. Estou apaixonada por essa fanfic nega, a história é linda demais, ja vi que vou me emocionar bastante kk.. Parabéns nega.

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