Narrado pro Luan.
— está tudo bem querida? — talvez eu perguntasse se ela estava bem de mais, mas eu precisava, era necessário, era capaz de mover o céu por essa mulher.
— Estou sim — ela sorriu forçado, e saiu do closet com uma de minhas camisetas.
— Minha mãe pediu para que eu fosse até sua casa, quer ir?
— Não, vou dormir um pouco e ficar com as crianças.
— Só vou tomar um banho — fui até Melissa que já havia deitado em nossa cama, e selei nossos lábios. — amo você.
— Eu te amo — ela passou as suas mãos pequenas e macias em minha face e eu as beijei, mas logo fui para o banheiro, precisava de um banho e tirar esse cheiro de hospital do corpo.
Cheguei na casa dos meus pais, e minha mãe me esperava sentada no sofá, ao lado de uma bandeja com creme de abacate.
— Que saudades — eu a abracei com uma certa força, chegando a tirar do chão e pude ouvi sua risada, que eram musicas para os meus ouvidos. — a senhora cortou o cabelo? — beijei sua testa em quanto passava a mão em seus cabelos pretos.
— tirei uns 3 dedinhos, ideia da Bruna.
— Em falar nela, onde ela está?
— Foi até o escritório com seu pai.
— A sim — sorri e me deitei em seu colo, e logo senti suas mãos passando em meus cabelos fazendo cafuné.
— Como estão as coisas?
— Difíceis — fechei meus olhos — Melissa ainda está tão abalada, e isso me preocupa.
— Não deve ser fácil, mas Deus vai ajudar vocês.
— Espero mãe, rezo todos os dias para que ele alivie nossos corações, mais parece tudo complicado.
— Nicole foi um presente especial para vocês Luan, pensem dessa maneira. Deus deu a vocês, pois saberia que teriam condições de cuidar, de amar e de educa-lá.
— é — fiz uma pausa.
— Como Melissa vem reagindo?
— Não parece não aceitar, ela queria que Nicole fosse uma criança saudável, que fosse moleca iguais as outras crianças.
— isso vai passar — ela se abaixou beijando minha testa — já pensou em levá-la para conhecer algumas crianças especiais?
— não — pensei um pouco — talvez seria uma boa, ela poderia ver que não é só nossa filha.
— mas ao contrario de algumas crianças, Nicole tem uma família que a ama.
— vou conversar com o Rober, agendar tudo, e levá-la.
— já conversou com Arleyde? Você precisa explicar isso a suas fãs, Nicole já tem 4 meses.
— Elas só sabem que a Nicole nasceu, Melissa pediu para que não divulgassem nada.
— Vocês precisam contar a elas, talvez o carinho delas ajudem vocês também.
— Amanhã tenho uma reunião, converso tanto com a Arleyde, quando com a Mel.
— isso — ela beijou novamente minha testa, e assim se passou minha tarde ao lado de minha mãe. Cheguei a dormir em seu colo, e quando acordei, vi que a mesma dormia sentada, para não levantar e me acordar.
Mulher da minha vida, pensei e sorri. A peguei no colo, e levei para seu quarto, mas assim que a deitei, a mesma acordou me chamando para que me deitasse ali com ela, como nos velhos tempos, e foi isso que fiz.
Narrado por Melissa.
Encarava Nicole dormindo calmamente no berço, olhei em minha volta, e vi minha poltrona no canto pouco iluminado do quarto. Aquela poltrona na qual Luan havia comprado quando tive Breno. Segui até a mesma, me sentando. Fechei meus olhos e suspirei, o que havia feito para Deus? Odiava ver minha pequena naquela situação. Tão delicada, tão frágil, tão minha.
— meu bem — ele entrou no quarto com a voz baixa — o que foi?
— nada — ele veio até mim e beijou minha testa — como estão todos lá na sua mãe?
— estão bem — ele me puxou da poltrona para que ele se sentasse, e logo me puxou para seu colo — perguntaram de você. — deitei minha cabeça na curva de seu pescoço. — amor, que tal irmos até um abrigo, que, bom, acolhe crianças com síndrome de Down?
— não sei Luan — engoli meu choro — tenho medo —confessei.
— não tem porque ter medo querida — ele passou suas mãos gordas em meus cabelos — precisamos ver que não é só a gente que passa por isso, mas ao contrário dessas crianças que estão nos abrigos, Nicole tem a gente.
— se ela não for aceita Luan? As pessoas podem falar coisas horríveis sobre a nossa filha, não quero vê-la sofrer Luan, não quero — e novamente eu chorava, sempre fui sensível, mas logo depois que soube dos problemas da minha pequena tudo havia se desandado.
— não devemos pensar assim — ele suspirou — nossa filha vai ser aceita, ela já é pela nossa família, agora só falta ser pelos meus fãs.
— e se — ele me interrompeu.
— e se nada, minhas fãs estão loucas para conhecer nossa menina, precisamos começar a inseri-la agora nesse meio, até ela começar a entender as coisas, tem tempo, e as pessoas podem se acostumar.
— tudo bem — suspirei e sai de seu colo, indo até a pequena que ainda dormia.
— Ela é tão perfeita, mas do jeitinho dela.
— ela se parece com você.
— ela tem seu nariz.
— está com fome? — mudei de assunto.
— um pouco — ele sorriu forçado — quer pedir algo para comermos?
— pode ser.
(...)
— Está pronta?
— acho que sim — sorri forçada, e Luan segurou minha mão, e eu a apertei em resposta. — vai ser legal. — ele sorriu amarelo tentando me dar forças.
— espero. — Entramos por uma enorme porta de vidro, e paramos na recepção do abrigo.
— Bom dia, sou Tathiana, e vou acompanhar vocês.
— bom dia, bom, você já sabe quem sou, essa aqui — Luan me abraçou de lado — é Melissa, minha esposa.
— prazer em conhecê-la.
— Ó querido — uma senhora, de uns 50 e poucos anos, veio até nós.
— Dona Maria — Luan sorriu e a abraçou. — Obrigada por nos proporcionar essa visita.
— Vocês sempre serão bem vindos aqui Luan. — ela sorriu — acredito que Tathi já se apresentou para vocês, certo? — concordamos com a cabeça — então vá levá-los para ver as crianças Tathi, qualquer coisa estaria na minha sala. — seguimos a baixinha dos cabelos loiros, até os fundos do abrigo.
— Tia Tathi — uma menina, também com a síndrome, veio até nós, segurando uma boneca.
— Oi Vivi?
— O Manuel quer cortar os cabelos da Lolo — ela ergueu a boneca em suas mãos.
— Manuel, não pode fazer isso! Dá a tesoura para tia — ele veio até nós e entregou a tesoura para Tathiana.
— Oi — a menina parou em meu lado com sua boneca. — eu chamo Vivi, e você?
— Me chamo Luan, e essa aqui é a Mel.
— igual ao docinho que a tia Renata contou da historinha das abelhas?
— quase igual. — Luan riu.
— você é bonita. — ela passou as mãos em meus cabelos — parece uma princesa.
— você é quem parece — sorri, e vi Luan me olhar.
— Dona Maria me explicou o quadro de vocês — Tathiana se pronunciou — vocês podem ver que, bom, eles são crianças normais, mas apenas um cromossomos os diferenciam de qualquer outra.
— vou pentear o cabelo da Vivi, você quer ajudar?
— Vai amor.
— Am, vou sim — peguei em suas mãos, e ela me levou até onde havia alguns sofás.
Narrado por Luan.
— é mais difícil para ela, não?
— sim — suspirei e olhei aquelas crianças em nossa volta. — vocês cuidam de quantas crianças especiais aqui?
— além da Vivi, temos mais 2 portadores da síndrome de down.
— am, e vocês os tratam igual aos outros?
— tentamos, mas eles precisam de mais cuidados. — seguimos andado pelas crianças que brincavam naquele enorme pátio.
— Manuel, cuidado.
— Poxa tia Tathi, eu só quero brincar — ele resmungou, e ri, ele me lembrava Breno.
— mas pode se machucar.
— tudo bem, vai.
— ele me lembra meu filho.
— Ele é bem levado.
— está na idade.
— sua esposa está ali — ela me mostrou Melissa, que de longe notei que Vivi a abraçava e deixava vários beijos molhados em sua bochecha. — Vivi vai deixá-la louca. — ela riu indo até onde elas estavam. — Vivi, já está bom de beijos.
— mas eu gostei dela — ela beijou o rosto de Melissa, que agora sorria feliz.
— também gostei bastante de você.
— Vamos Vivi? — uma outra moça veio até nós — meu Deus, quando me disseram que o Luan Santana e a esposa estavam aqui, eu não acreditei. — sorri sem graça passando as mãos no cabelo.
— vai me levar pra onde tia Rita?
— para um banho bem gostoso, você está suja de areia.
— mas eu quero ficar com a tia Mel.
— quem sabe outro dia — A pequena levantou um pouco emburrada, mas antes encheu Melissa de beijos.
— tchau tia Mel, tchau tio Luan — ela veio até mim, e eu abaixei ficando a sua altura. — traz a tia mal para brincar comigo de novo, qualquer dia.
— pode deixar pequena — sorri e passei a mão em seus cabelos, e ela saiu dali, deixando um beijou muito molhado em meu rosto.
— quantos anos ela tem?
— ela tem 10 anos, mas age como se tivesse menos.
— am — ela se levantou — notei que ela tinha algumas cicatrizes.
— Ela precisou passar por algumas cirurgias, mas hoje está bem.
— vamos para casa? — perguntei um pouco mais baixo em seu ouvido. — Nicole tem estimulação ainda hoje.
— vamos. — ela sorriu amarelo para mim, e fomos para casa, onde almoçamos e seguimos para a segunda sessão de estimulação de Nicole.
Notas da autora.
Não é porque somos especiais que não podemos ser considerados perfeitos, não? Nicole veio com seu propósito, veio para mostrar para vocês que Lumel se amam, e que passaram por cima de tudo e de todos para serem felizes, mesmo com as dificuldades que virão.
Obrigada pelos comentários no capítulo anterior.
- Natália de Andrade.
Estou apaixonada por essa fanfic nega, a história é linda demais, ja vi que vou me emocionar bastante kk.. Parabéns nega.
ResponderExcluirContinuaaaa
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