quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Capítulo 10 - O hospital será praticamente a nossa nova casa.


5 dias depois, 10º dia de Nicole internada. 

Narrado por Luan.

Acordei pela uma hora da tarde e me assustei ao olhar do meu lado, Melissa ainda dormia. Bom, ela vinha parecendo estranha durante esses dias, andava evitando a todos, e confesso que isso me causou uma grande preocupação. 

— Melissa, Mel — passei as mãos em seu rosto — querida. — ela apenas resmungou — Vem, vamos levantar.
— Pode ir — sua voz era fraca — Eu vou dormir mais um pouco. 
— Você não quer comer algo? 
— Não — ela foi breve, e se virou cobrindo-se da cabeça aos pés. Suspirei e regulei o ar-condicionado, e sai dali encostando a porta. 
— Papai. — Breno correu até mim abraçando minhas pernas.
— Não foi pra escola? 
— Ele não acordou muito bem — Lígia se pronunciou — Reclamou de dores na barriga. 
— Deve ser das porcarias que anda comendo — baguncei seus cabelos negros — Já almoçou? 
— Já papai. 
— Então vai com a tia Lígia que o papai vai comer — o coloquei no chão e fui para a cozinha.
— Café ou almoço? 
— Pode ser o almoço — Ri e dona Sônia me serviu. 
— Está tudo bem? 
— Não muito — sorri fraco — Estou preocupado com Melissa. 
— Esses problemas com a menina Nicole estão a afetando, não é? 
— De mais Soso, nunca vi a Mel do jeito que ela está — encarei meu prato, eu havia perdido o apetite, mas comeria para ir até o hospital. 

(...) 

— Nenhuma melhora? — encostei minhas costas na poltrona em frente à do doutor.
— Não — ele suspirou frustado — Mas não vamos perder a fé, não é mesmo? 
— Não, isso não, minha filha vai sair dessa! 
— E sua esposa? Não quis vir? 
— A deixei dormindo, está sendo muito difícil para nós, então achei melhor a deixar descansar. 
— A sim — ele olhou algumas coisas em sua planilha — Vou olhar alguns pacientes — Concordei com a cabeça, e fiquei ali, encarando a parede branca. 
— Você precisa ser forte Luan, sua família precisa de você — murmurei sozinho, e me debrucei sobre a mesa. 
Não tinha idéia do tempo que estava ali, só me despertei com o meu celular vibrando no bolso de trás da calça. 
— Oi? — era de casa.
— Seu Luan, o Breninho não está se sentindo muito bem.
— Am, a Melissa, onde está? 
— Ela se trancou no quarto, e pediu para que ligássemos para o senhor. 
— Tudo bem, já estou indo pra casa. — me levantei, e encontrei o médico na saída. — Eu já vou, provavelmente volto pela noite.
— Tudo bem.
— Qualquer coisa é só ligar — sorri fechado e dali segui para casa o mais rápido que pude. 
— Papai — Encarei Breno no topo da escada com a voz fraca e embargada pelo choro, coloquei minhas chaves sobre a mesinha no centro da sala, e subi as escadas.
— Hey campeão, o que houve? 
— Eu vomitei papai — seus olhos estavam mais grandes que o normal e cheio de lágrimas. 
— Já tomou banho? 
— Tia Lígia me deu banho papai — ele encostou seu rosto na curva do meu pescoço, e o senti um pouco quente. 
— Melissa? 
— Oi? — ela saia do banheiro com os cabelos molhados e usando apenas uma blusa minha. 
— Breno não está bem. 
— Eu ia olhá-lo — ela veio até mim e Breno se jogou para o seus braços. — Eu vou levá-lo no médico.
— Espera só eu tomar banho e — ela me interrompeu. 
— Não precisa, fica aí, descansa, qualquer coisa eu te ligo. — Ela deixou Breno sobre a cama, e seguiu para o closet. 
Em poucos minutos ela saiu trovada, e me deixou ali sozinho. Todos esses problemas estavam afetando meu casamento, eu sentia isso. 


Narrado por Melissa.


— É  uma virose — A médica havia terminado de examinar Breno, que continuava todo molinho em meus braços.
— Pensei que fosse algo mais grave. — Passei as mãos em seus cabelos. 
— Está na época de apresentarem quadros de virose, ele pode ter pego de algum coleguinha no colégio, vocês precisam tomarem cuidados, para não contraírem em casa. 
— Vou falar com meu marido, o que eu menos quero é que Nicole pegue alguma coisa. — Eu tinha esperança de que ela voltasse para casa ainda por esses dias. 
— Vou deixá-lo em observação no soro, não tem problema não é? 
— Não, eu só vou ligar para casa. — Estava começando a acreditar que logo eu passaria a morar ali, já que passava mais tempo no hospital do que em casa com meus filhos. — Luan? 
— Oi amor? — Sua voz era de sono.
— Breno vai ficar em observação, então amanhã pela manhã eu vou para casa, tudo bem? 
— Não quer que eu vá para i? 
— Você quem sabe, não acho necessário. — Pude o ouvir suspirar. 
— Daqui a pouco eu chego aí. 
— Tudo bem — me sentei ao lado da cama que Breno ficaria, e o mesmo estava pálido e molinho lutando contra o sono. — Descansa meu amor — Beije sua testa. 
— Mamãe, o papai vai vir? 
— Vai, dorme para que na hora que ele chegar você estava acordado e bem. — continuei fazendo cafuné em seus cabelos, e logo ele se rendeu ao sono.
— Posso entrar? — Luan bateu levemente na porta, e colocou somente a cabeça para dentro, e eu concordei, o vendo colocar o resto do corpo. — Está tudo bem com ele? 
— Sim, foi só uma virose — suspirei e fechei meus olhos. 
— Pode tentar descansar aí se não quiser ir pra casa, eu fico com ele. 
— Não, está tudo bem. 
— Andamos passando tempo de mais no hospital. 
— Ultimamente passar noite em algum hospital vem fazendo parte da minha rotina — sorri forçada e ele suspirou. 
—Isso vai passar meu bem, vamos ter fé. 

Notas da autora.

Temos essa nova realidade para encarar, mas seremos felizes, hospitais serão somente visitados apenas por uma gripe boba, ou uma consulta de rotina. Vamos ter fé. 
 - Natália de Andrade.