terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Capítulo 7 - O amor supera qualquer outra coisa.


Narrado por Melissa. 

Os dias haviam de passado, hoje completava o 10º dia em que Nicole estava internada na UTI infantil, o mais torturante era ir para o hospital depois do almoço, e poder vê-la somente no horário das visitas à noite, e aquela sonda que machucava a pele da minha pequena me deixava angustiada. Eu era fraca, chorava dia e noite, parecia que tudo havia acabado, não conseguia ver minha filha nessa situação. 
— Melissa, Luan, será que posso conversar com vocês? — senti meu corpo todo gelar, eu esperava pelo pior. O meu Deus, eu pedi tanto para o senhor, por favor, faça o que quiser comigo, mas deixe minha filha bem, eu lhe imploro. — sente-se por favor. — nos sentamos em frente à ela, e mesmo assim Luan continuava segurando firme minha mão. 
— está tudo bem com a nossa pequena? 
— em partes — ela sorriu sem mostrar os dentes — Nicole receberá alta — sorri aliviada, até que em fim uma notícia boa. 
— graças a Deus. 
— mas vou pedi para que vocês a leve ao hematologista. 
— o que é isso? — Meu marido perguntou confuso.
— são médicos especialistas em doenças no sangue e  de órgãos hematopoéticos, onde se formam as células do sangue. 
— isso pode ser grave? 
— não quero preocupa-los, então prefiro que conversem com algum médico nessa ala. 
— tudo bem — suspirei um pouco aliviada, mas com um lado tinha medo.
— aqui está a alta da Nicole. 
— posso ir buscá-la? 
— claro, Suzie os levará até lá, preciso ir ver alguns pacientes. — ela sorriu amigável e saímos da sala da mesma, indo com Suzie até a UTI Infantil, onde a dias vínhamos sendo torturados. 
— oi mamãe, que saudades — abracei minha pequena emocionada, Nicole que mostrou-se feliz em meus braços. 
— minha pequena — sorri e beijei o topo de sua cabeça. — vamos para casa. 
— precisamos pegar Breno nos seus pais. 
— vamos, vou ligar para eles avisamos que estamos indo até lá. 
— fazemos isso no caminho. 
— olha a princesa da vovó de volta — minha sogra veio até mim, pegando Nicole dos meus braços. Luan e eu, seguimos até os fundos da casa, onde seu pai estava junto do noivo de Bruna, e Breno jogando bola. 
— papai — ele veio correndo até nos e se jogou em meus braços.
— como você está filho? 
— bem papai, vovô e o tio Theo estavam jogando bola comigo. 
— eu vi — sorriu bagunçando seu cabelo, e indo falar com o pai e Theo. 
— onde está a pequena? 
— aqui vovô — Mari veio sorridente com Nicole que já sorria banguela. 
— querido, sua mãe nos chamou para jantarmos aqui, eu aceitei, tudo bem? 
— tudo sim meu amor — ele veio do meu lado com Breno,  e enchi Breno de beijos.
— aí mamãe. — ele gargalhou. 
— coisa gostosa.
Havia sido um jantar bastante agradável, estávamos todos contentes, Nicole nos dava uma alegria e tanta. 
— Luan, você deixa tudo jogado — reclamei por ser tarde, e eu pegava algumas roupas do Luan espalhadas pelo banheiro. 
— desculpa muié — ele riu e entrou no box para tomar banho. Revirei meus olhos pegando mais uma camiseta jogada no chão. Por mais que elas estavam ali jogadas, havia seu perfume totalmente embriagante, não me aguentei e as levei até meu nariz, sentindo seu cheio maravilhoso. — Uai muié, fica aí chegando não, vem cá comigo sentir meu cheirinho de perto, vem. — sorri, e logo me desfiz das minhas roupas, e entrei no box junto do mesmo. — minha gatinha — ele sorriu e puxando meu corpo junto do dele. Logo tratou de tomar meus lábios em um beijo cheio de amor e malícia, era impressionante como suas mãos gordinhas, passando por entre meus cabelos me deixava louca. 
— estava com saudades de você — intercalava mordidas e beijos no seu pescoço. Em resposta Luan me pressionou no azulejo frio e úmido, que causou arrepio em todo meu corpo, a Luan, como eu amo as sensações que ocorrem em meu corpo por causa de você.  
— nós dois embaixo do chuveiro, amor com cheiro de shampoo — Luan cantarolou rindo, em quanto saíamos abraçados do banho, após matarmos a nossa saudade, de um jeito nosso e único. 
— seu bobo — virei para o mesmo e selei nossos lábios novamente. 
— eu te amo tanto Melissa. 
— eu também te amo Luan — sorri, e nos beijamos novamente, Luan com facilidade tirou minha toalha, em seguida a sua, e num ato rápido senti meu corpo sendo atirado sobre a nossa enorme cama, e o mesmo subir em cima de mim. Luan sabia o poder que tinha sobre mim, ainda mais quando passava sua barba em meu pescoço causando sensações maravilhosas, e ali, novamente fizemos nosso bom e velho amor. 
Terça-feira pela manha, comecei minhas buscas por um hematologista bom e de confiança, não seria legal levar minha filha para qualquer médico, e quando encontramos, ele logo pediu que fizéssemos um exame de sangue em minha pequena, e devido a isso, tivemos de esperar 1 semana para a próxima consulta, mas por Nicole ter o melhor plano, devido ao pai ser quem é, os exames ficaram prontos em 48horas. 
Por ser 8:30 da manhã, a casa se encontrava quieta, Luan dormia um sono tão gostoso, que deu até dó de acorda-lo. 
— O que faz acordada tão cedo? 
— Nicole tem consulta ainda hoje, fiquei preocupada e acabei perdendo o sono. 
— Você não deve se preocupar atoa Mel — Sônia me olhou em quanto deixava algumas coisas para o café sob a mesa. 
— eu sei — sorri fechado, peguei apenas uma xícara de café com leite, e fui até o escritório do meu marido. Liguei o notebook que estava sobre a mesa, e comecei a procurar algumas coisas relacionadas a síndrome de down da minha filha. Textos, histórias, relatos que me chamaram a atenção, mas um em especial. 
Deus escolhe as mães. 
Deus pairou sobre a Terra, selecionando o seu instrumento de propagação com um grande carinho e compassivamente, enquanto Ele observava, Ele instruía seus anjos a tomarem nota em um grande livro:
- Para a mãe Sebastiana, um menino e o anjo da guarda Mateus.
- Para a mãe Maria, uma menina e como anjo da guarda Cecília.
- Para a mãe Fátima, gêmeos, e como anjo da guarda, mande Gerard.
Pronunciando um nome, sorri e diz:
- Dê a ela uma criança deficiente.
O anjo cheio de curiosidade pergunta:
- Por que a ela Senhor? Ela é tão alegre...
- Exatamente por isso. Como eu poderia dar uma criança deficiente para uma mãe que não soubesse o valor de um sorriso? Seria cruel.
- Mas será que ela terá paciência?
- Eu não quero que ela tenha paciência porque, com certeza, se afogará no mar da autopiedade e desespero. Logo que o choque e o ressentimento passar, ela saberá como se conduzir.
- Senhor, eu a estava observando hoje, ela tem aquele forte sentimento de independência. Ela terá que ensinar a criança a viver no seu mundo e não vai ser fácil.
- E além do mais, Senhor, eu acho que ela nem acredita na sua existência.
Deus sorri.
- Não tem importância. Eu posso dar um jeito nisso. Ela é perfeita. Ela possui o egoísmo no ponto certo. O anjo engasgou.
- Egoísmo? E isso é, por acaso, uma virtude?
Deus acenou um sim e acrescentou:
- Se ela não conseguir se separar da criança de vez em quando, ela não sobreviverá. Essa é uma das mulheres que eu abençoarei com uma criança menos perfeita. Ela ainda não faz idéia, mas ela será também muito invejada. Sabe, ela nunca irá admitir uma palavra não dita, ela nunca irá considerar um passo adiante uma coisa comum. Quando sua criança disser 'mamãe' pela primeira vez, ela pressentirá que está presenciando um milagre. Quando ela descrever uma árvore ou um pôr do sol para seu filho cego, ela verá como poucos já conseguiram ver a minha obra. Eu a permitirei ver claramente coisas como a ignorância, crueldade, preconceito e a ajudarei a superar tudo. Ela nunca estará sozinha. Eu estarei ao seu lado cada minuto de sua vida, porque ela estará trabalhando junto comigo.
- E quem o senhor está pensando em mandar como anjo da guarda?
Deus sorriu.
Dê a ela um espelho, é o suficiente!'

— querida — Luan chamou minha atenção entrando ali. 
— oi? 
— vamos tomar café? Nicole tem conduta daqui a pouco. 
— am, eu te acompanho, não estou com fome — desliguei o notebook, e aquele texto passava na minha cabeça, e ele seguiu até o nosso café, que foi agradável, o que era surpreendente, já que Luan havia acordado cedo o que não era de costume do mesmo, mas ele havia acordado bem. 
— vamos meu bem? 
— vamos — sorri fechado. 
Era impressionante como cara consulta de Nicole era algo tenebroso, eu tinha medo, confesso, sempre esperei pelo pior, mas ainda bem que tinha meu marido e pessoas maravilhosas que não me deixaram abater-me. Eu tinha que encarar isso, era minha realidade, minha filha é portadora da síndrome de Down, e ela pode sim, levar uma vida normal igual às outras, mas com um pouco mais de atenção. 
— bom dia. — Luan e eu respondemos juntos em quanto nos sentávamos em frente ao doutor. — como vai essa garotinha? — ele brincou com a mesma que sorriu banguela. 
— esta bem, não é filha? 
— am Doutor — me pronunciei — não quero que o senhor enrole, será que daria para contar-me o que minha filha tem? 
— tudo bem — ele suspirou abrindo o exame — vamos ver — ele fez uma pausa que me causou arrepios.
— está tudo bem? — O olhei, e Nicole segurava seu dedo com um pouco de firmeza. 
— Nicole desenvolveu graças a síndrome de Down uma espécie de mielopoiese anormal transitória, que é uma uma disfunção da medula, por isso seus exames de sangue estavam tão alterados. 
— ela vai ter que ser internada novamente? — lágrimas tomaram os meus olhos, e eu já as derramava sem me importar. 
— preciso fazer alguns exames, se importam? — neguei com a cabeça, olhei para o lado Luan chorava mesmo sem querer, em quanto Nicole mexia em sua barba. 
Será que um dia seremos capazes de levar uma vida normal com a minha pequena? Sem ela com qualquer tipo de doença? Será meu Deus? 
E mais uma vez, eu a vi levarem, era tão doloroso isso, mães que passam isso como eu, me entenderiam, era tão difícil me acostumar, mas pelo visto seria necessário. 
— estamos juntos nessa querida — eu chorava quando me acolhi em seus braços, eles sempre foram meu conforto, desde que era apenas uma fã ali em meio à multidão. — eu amo tanto vocês. — ele beijou o topo da minha cabeça.
— eu também amo vocês — foi aí, que mesmo em seus braços, peguei a correntinha que havia ganho de natal do mesmo. Um coração, onde quando abrisse havia uma foto nossa aí, da minha família, os motivos que me faziam levantar todos os dias da cama. 

Notas da autora. 

A Melissa, a Luan, vocês são tão fortes, e nem imaginam. Vocês enfrentarão tantas coisas ainda, não desanimem não, acreditem, o futuro será ótimo. 
 - Natália de Andrade. 

4 comentários:

  1. Nossa que capítulo perfeito 😍😍
    Continua logo, urgente

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  2. Me emociono a cada capítulo dessa história,já acompanhava antes e continuo a ler ;fico atualizando sempre pra ver se tem um capítulo novo ;amando muito sua história continua logo.

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  3. Leitora nova no pedaço.
    Nossa não tem o que dizer sobre essa historia , uma coisa que nos cativa e nos fazem viajar a cada capitulo . Tudo tão real e ao mesmo tempo tão magico. Estou amando . Um beijo e continua .

    Com carinho , Maria Clara

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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